sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Educação de Icó está um Caos

Mesmo após vários Ofícios emitidos à secretaria da educação pela coordenação da Escola Municipal Antônio Ferreira Lima, Sítio Poço da Pedra - Lima Campos - Icó - Ceará - Brasil desde 2009, nada foi feito, sequer uma pintura na estrutura física da mesma. Professores e funcionários estão preocupados com a situação. Alguns pais já começam a se manifestar para o início das aulas do ano letivo de 2012.

As aulas terão início nesta segunda-feira, segundo informações preliminares. [texto publicado no dia 1º de fevereiro de 2012 - quarta-feira]

Mas vejam o estado em que se encontra uma instituição de ensino fundamental para oferecer um ensino de qualidade.


O telhado mais parece uma peneira. Vamos chamar isso de iluminação natural. Porém, na hora da chuva, encerram-se as aulas. Essa sala funcionou em 2011 com cerca de 30 alunos. 4º e 5º anos em regime multisseriado pela manhã e, 8º ano à tarde com 14 alunos.

Há uma caixa d'água construída simultaneamente à construção da escola em 1999 sobre os WC's Masculino e Feminino, porém, jamais se foi colocada uma gota d'água na mesma. Esse TAMBOR, além de receber a água das chuvas, é ligado nele uma mangueira da torneira da rede de água que fica no portão de entrada da escola.

A tubulação interna da escola foi feita, mas nunca a caixa d'água foi cheia. Depois de cheio, a água é retirada e posta em outros recipientes do depósito da cantina que deles são colocadas num tubo de bebedouro [gelágua] de onde os alunos bebem água, somente os dois ou três primeiros tomam água gelada.


É possível ver um pouco acima da pia o bujão da tubulação já sem a torneira porque em mais de 12 anos da escola a tubulação jamais foi utilizada com água. Mas atentem-se para a situação da pia junto à parede. Observem que entre as mesmas há uma fenda de quase 10cm. O problema, não foi a pia que se desprendeu da parede, mas a parede da pia, ou seja, é a parede quem corre o risco de desabar.

Vejam a situação do piso na cantina próximo à pia


Aqui é possível ver a situação da ponta do muro que recebe uma linha da área interna por onde alunos e funcionários passam o tempo todo no horário de funcionamento. Logo à direita da imagem há uma sala adaptada que funcionou com 8 alunos do 7º ano em 2011 e mede cerca de 8m² apenas.


A situação do piso das salas não é pior porque o esposo de uma das professoras comprou o cimento no ano de 2010 e fez alguns retoques. Essa é a Sala 01.


A instação elétrica oferece constantes riscos aos alunos, principalmente às crianças porque fios estão expostos e tomadas não têm mais a proteção.


Os ventiladores não funcionam há muito tempo e foram adquiridos com verbas do PDDE.


Não se assustem, isso é apenas o WC masculino onde alunos o utilizam para suas necessidades fisiológicas básicas e de higienização. É possível observar um orifício ao pé da parede que serve de escoamento da urina dos estudantes porque, pelo esgoto, a parede externa está se abrindo na calçada e rompeu a tubulação do esgoto da urina interrompendo sua passagem.

Confere-se a forma com que se são tratados os alunos em nosso município. Pessoas que deveriam ser preparadas para um mundo PIOR, se tornam piores em suas próprias formações educacionais.

Essa é a situação de um dos dois sanitários do WC Feminino, uma tampa de pedra para não ser utlizado porque está entupido há mais de 7 anos. Auxiliares de serviços tentaram todas as formas possíveis para o desentupimento, mas não conseguiram. Como se pode ver, não há tubo nenhum ligado ao aparelho porque as caixas de descargas jamais foram utilizadas.

Tanto nos outros aparelhos dos WC's Masculinos quanto no Feminino, também não há caixas de descargas mesmo sendo utilizados para as necessidades dos alunos. A descarga dos escrementos só é dada depois que os alunos se ausentam dos WC's e então as auxiliares utilizam baldes de água para a limpesa dos aparelhos.

Não há sequer água nos lavatórios para se lavar as mãos. Todos utilizam os WC's e saem de mãos sujas porque, como se pode ver, há apenas a saída de tubulação sem torneira, imaginem vocês, água.

Observem a fenda, que poderíamos chamar de brecha mesmo, entre as paredes dos banheiros. Na parede onde se vê a tubulação de água é do lado externo e sobre a mesma está a caixa d'água que nunca foi colocado um pingo de água em mais de 12 anos da escola. Com o afastamento das paredes o risco de desabamento é eminente.

Nós, que deveríamos preparar nossos alunos para um mundo de oportunidades com um futuro promissor, os preparamos para se defenderem dos riscos de vida que suas próprias instituições formadoras lhes podem causar. Se não somos nós os resposáveis por seus futuros de glórias, caimos em desespero quando seus caminhos são desviados pelas inúmeras faltas de oportunidades que o ESTADO lhes oculta oferece.

Se tornam marginais, e os professores sentem a responsabilidade porque um dia os tais aprenderam algo da sua profissão.

Nos sentimos culpados como professores e, até aceitamos alguma responsabilidade. E eu, Professor Santos, particularmente, além de aceitar, em parte essa culpa, não me calo diante das dificuldades enfrentadas. Me vejo a indagar meus colegas que utilizam-se de estruturas poderosíssimas de instituições de ensino, tanto física quanto pedagogicamente: o que fazeis vós, será que apenas as instituições em estado em que se encontra a qual trabalho formam marginais?

É lamentável o número e alunos que saem das escolas e não estão procurando um trabalho digno para se manterem pessoas dignas e homens e mulheres de bem. A que estamos formando nossos adolescentes? Homens e mulheres que idealizam famílias, filhos, trabalho digno, pessoas de representação social bem-sucedidas ou o nosso trabalho está direcionado a preparar melhor pessoas para o mundo da marginalização?

Se o ESTADO não se manifesta, sim porque instituições com as estruturas as quais eu mostro a minha em que trabalho, não me permite utilizar dos benefícios educacionais básicos para uma formação coerente de meus aprendentes. Se ao menos a classe de professores fosse respeitada e lhe oferecido um salário digno do trabalho que "alguns colegas" prestam, eu em particular, não via problema algum em estruturar uma sala utilizando-me de meus próprios recursos para ministrar uma aula de qualidade. Interroguem aos meus colegas de trabalho e lhes perguntem sobre minhas preocupações com a qualidade do ensino que ofertamos.

Não estou aqui para a UTOPIA no uso das palavras, que ora, são muito fortes, mas para externar meu sentimento em relação ao estudante que estamos formando, para expor a realidade do que se pode ver sobre o que temos a ofertar como educação.

Vivemos boa parte de nosso tempo envolvidos na preparação de nossas formações para melhor exercer nossas funções, mas quando dependemos do ESTADO, nos vemos a mercer de uma educação deficitária, sem a menor chance de emersão porque os principais responsáveis fazem pouco caso da situação em que a mesma se encontra: imersa num profundo poço de irresponsabilidades e falta de trabalho que valorize sem precisar priorizá-la, mas que se oferte a qualidade mínima básica para que não tenhamos um município formador de foras-da-lei.

Texto escrito pelo professor José Santos e publicado em seu blog

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